Como afirma em seu texto de intitulado “A Theory of Human Motivation”, Maslow esteve interessado em identificar necessidades básicas, comuns a todos os indivíduos. A partir de sua prática clínica, ele chegou formulou a proposição de que o comportamento humano – ou pelo menos boa parte deste – poderia ser explicado por cinco categorias de necessidades básicas. Estas necessidades estão organizadas numa hierarquia (hierarchy of pre-potency). A representação dessa hierarquia escolhida por muitos é a tal pirâmide.
Maslow definiu as necessidades fisiológicas como aquelas em primeiro lugar na hierarquia. Estas estão relacionadas com o mais básico para a sobrevivência do ser humano e inclui as necessidades de alimentação, sono, sexo, etc. Isso significa dizer que se todas as necessidades básicas estão insatisfeitas, todas as capacidades (inteligência, memória, etc.) do sujeito serão direcionadas para a satisfação das necessidades fisiológicas.
Na sequência, a segunda categoria é denominada de necessidades de segurança. As necessidades de proteção, estabilidade, segurança, etc estão incluídas aí. Maslow denominou a terceira categoria em sua hierarquia como necessidades de amor. Contudo, estas passaram, posteriormente, a ser chamadas necessidades socias, as quais incluem amor, amizade, pertença, afiliação e relações afetivas com outras pessoas em geral.
As necessidades de estima constituem o quarto nível hierárquico proposto por Maslow e incluem o respeito por si mesmo, auto-estima, prestígio, status. Com base nessas necessidades o indivíduo pode procurar exercer uma série de comportamentos em busca de reconhecimento, atenção, apreciação, ou, na sua vertente ma interna, liberdade, independência, competência.
O quinto e último nível hierárquico é chamado de auto-realização. Esta categoria de necessidades refere-se ao desenvolvimento e crescimento pessoal, ou seja, a necessidade que os indivíduos têm de realizar suas potencialidades e de transformarem-se naquilo para que têm capacidade.
Apesar da noção de uma sequência estar implícita em sua teoria, Maslow reconhece que as necessidades interagem entre si e podem agir simultaneamente na energização de acções. Portanto, não temos aqui uma idéia de tudo ou nada, em que uma determinada categoria de necessidades apenas passa a influenciar o comportamento de um indivíduo quando este conseguir satisfazer a necessidades de uma categoria superior em termos de importância na hierarquia. Essa infelizmente tem sido a interpretação dada à teoria na maioria dos manuais.
Maslow assume que, à medida em que determinadas necessidades são satisfeitas, acontece que a capacidade destas para influenciar o comportamento diminuem mas não necessariamente desaparece. Portanto, um indivíduo pode ter as suas necessidades de estima insatisfeitas, mas buscar determinados comportamentos designados para satisfazer as suas necessidades de auto-realização. Ademais, Maslow reconheceu desde sempre que as motivações – termo que usa para referir-se às ditas necessidades – constituem apenas uma classe de determinantes do comportamento e estão ao lado dos factores biológicos, culturais e situacionais. Este é um dos detalhes importantes que, por vezes têm escapado aos olhos dos críticos desta teoria.
Como consequência de sua própria popularidade, a teoria da Hierarquia das Necessidades tem sido alvo de interpretações pouco precisas dos postulados de seu autor e de uma insistente simplicação de suas idéias originais. Particularmente creio que muitas das críticas à teoria têm como base uma interpretação errônea das principais proposições. Se há alguma crítica realmente difícil de rebater é o forte viés cultural de sua teoria. Sua análise das necessidades reflete fortemente o cenário cultural norte-americano. E quando se fala em identificar necessidades básicas dos seres humanos, faz-se necessária uma análise muito mais abrangente que parte da população de um país.
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